A formação familiar da minha geração nos preparou para a doação da vida, se possível, na manutenção da família, não tinha outro caminho além de ser mãe e dona de casa, Algumas mulheres de 50 ou mais, se rebelaram, romperam o ciclo e buscaram por outras vivências, além do cuidado da casa. A gente foi estudar, cuidamos da vida profissional, conquistamos espaços masculinos, andamos por cordas bambas entre a casa e o trabalho, carregamos culpas e frustrações por não conseguir dar conta de forma impecável desses dois mundos. Esse grito pela liberdade, trouxe uma melhor estabilidade financeira para as famílias, a gente vive melhor que os nossos pais, falando em dinheiro, aumentamos o consumo, movimentamos a economia, quase rompemos com a autoridade masculina sobre as nossas vidas, somos donas do mundo, mas tudo isso não nos rendeu qualidade de vida, não ocupamos os cargos majoritários, não mandamos em nada, não somos autoridade no quesito da última palavra. Em meio a todas essas conquistas, a gente não aprendeu a lidar com a tal liberdade, viramos escravas dos trabalhos sem remuneração, nos contentamos em viver uma vida sem regalias, recebendo sobras dos nossos esforços. Algumas de nós, não tem o direito de dispor das suas conquistas financeiras como desejam, falta o direito à fala, precisam ser autorizadas na tomada de decisões, até a vida sexual insatisfatória é aceita como consequência ou compensação. A pergunta que fica é: Até quando vai se contentar com conquistas medianas?  É seu direito ser a dona da bagaça toda, ser tratada como rainha, nada de receber migalhas ou sentir-se culpada por escolher outras alternativas, nem receber salários menores,  por conta de ser mulher. Olhe para todos os seus projetos e seja protagonista em todas as ações, sem culpas ou medos, sendo apenas essa mulher madura e dona de si mesma e não aceite menos do que merece, nem consideração.  

Déa Corrêa


  

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